quarta-feira, 14 de abril de 2010

O MUNDO MUÇULMANO, de Peter Demand (sugestão de livro)




ORIENTE MÉDIO, NORTE DA ÁFRICA E MUNDO MUÇULMANO




Um lugar chamado Palestina - Parte 1 de 6
10 min - 23 fev. 2009
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Um lugar chamado Palestina - Parte 6 de 6
10 min - 23 fev. 2009
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 Colonizadores da América - Revista de História






Universia Brasil
literatura é importante em qualquer fase da vida. Um bom livro pode se tornar o seu melhor amigo e ensinar coisas que você não aprenderia no dia-a-dia. Além disso, o hábito de ler ajuda você a desenvolver a sua imaginação, criatividade e o pensamento ...

1 .África antigaGamal Mokhtar (Editor)[ue] Unesco.pdf11,18 MB53.1642
.África desde 1935Ali A. Mazrui (Editor)[ue] Unesco.pdf9,78 MB22.8713
.África do século VII ao XIMohammed El Fasi (Editor)[ue] Unesco.pdf9,31 MB18.8104
.África do século XII ao XVIDjibril Tamsir Niane (Editor)[ue] Unesco.pdf8,99 MB17.7455 .
África do século XIX à década de 1880J. F. Ade Ajayi (Editor)[ue] Unesco.pdf10,09 MB17.9246
.África do século XVI ao XVIIIBethwell Allan Ogot (Editor)[ue] Unesco.pdf17,81 MB18.9287
.África sob dominação colonial, 1880-1935Albert Adu Boahen (Editor)[ue] Unesco.pdf9,40 MB22.5108
.Metodologia e pré-história da ÁfricaJoseph Ki-Zerbo (Editor)[ue] Unesco.pdf8,56 MB29.336

Constituição Federal - Presidência da República

www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

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Correio Braziliense / Data: 10/4/2004

O ISLÃ SOB O OLHAR DO OCIDENTE

LIVRO DE PROFESSOR DA USP APROFUNDA EXAME DA SOCIEDADE MUÇULMANA E DAS ORIGENS DO EXTREMISMO
SAMY ADGHIRNI



O maior mérito do livro "O mundo muçulmano" é levantar panorama preciso e abrangente das manifestações sócio-políticas e antropológicas da realidade islâmica no século XXI. A questão da fé muçulmana em si não é tão relevante. Afinal, como sustenta o historiador holandês Peter Demant , a essência espiritual do monoteísmo de revelação pouco mudou do Judaísmo para o Cristianismo, do Cristianismo para o Islã. As três grandes religiões do livro compartilham, além da vocação universalista e monopolista, personagens, mitos e a crença no mesmo Deus único todo-poderoso.

Mais do que as facetas da espiritualidade ou da doutrina muçulmana, interessam a Peter Demant os mecanismos que levaram à mutação de uma civilização transcontinental vanguardista em um mosaico de sociedades banidas da modernidade.

Sem retórica enciclopédica nem sobrecarga de informações, O mundo muçulmano traça sinteticamente o declínio da civilização islâmica ao longo dos últimos dez séculos até chegar - parte que confere à obra boa parte de seu valor acadêmico - à pertinentes interpretações sobre as realidades contemporâneas que propiciaram o surgimento de produtos ideológicos como Bin Laden, Hezbollah e Kadafi, tão diferentes uns dos outros, mas intrinsecamente ligados pelas mesmas raízes epistemológicas.

Peter Demant conhece tão bem o assunto que se dá o luxo de descartar qualquer análise passional. Ele não cede ao impulso progressista, que consiste em defender por princípio tudo aquilo que é criticado pela mídia de massas.

Demant deixa isso para colegas professores de universidade, cujo anacrônico deleite é culpar a racionalidade técnica e a modernidade econômica ocidental por todos os males do mundo. Mas o autor tampouco adere ao discurso apocalíptico dos intelectuais conservadores, para quem o expansionismo islâmico, carregado dos germes da intolerância, almeja a destruição da civilização pós- moderna.

A argumentação de Demant é fria, cínica às vezes. Escrita por um ocidental para ocidentais. O mundo muçulmano lembra que o Islã surgiu como uma versão "aperfeiçoada" do Cristianismo e que os seguidores do profeta Maomé unificaram e civilizaram tribos bárbaras do Oriente Médio - berço comum das três religiões monoteístas -, antes de conquistar Europa, Ásia e África.

Entre os séculos VIII e XII, a civilização islâmica irradiou prosperidade, tecnologia e progresso social. Bagdá, Alexandria e Constantinopla eram o que hoje são Nova York, Paris e Londres. Assim foi se expandindo, ora pela força das armas, ora pela energia contagiante do comércio e da cultura. Por séculos, muçulmanos, judeus e cristãos compartilharam interesses econômicos e idéias, enriquecendo-se mutuamente, como lembra bem a obra de Demant.

Os primeiros sinais de declínio coincidiram com o fortalecimento político e social de correntes mais radicais - Demant alega que a visibilidade do discurso fundamentalista é um dos grandes responsáveis pela estigmatização de centenas de milhões de muçulmanos no século XXI.

A agonia, lenta e inexorável, foi selada com o desmantelamento do Império Otomano, no final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Na metade do século XX, a bipolarização do tabuleiro internacional acelerou o processo de descolonização do terceiro-mundo, levando os países muçulmanos à independência. Na maioria dos casos, as potências colonizadoras, ao saírem, deixaram o poder nas mãos de clãs e famílias "de confiança" - para garantir alianças estratégicas e assegurar a facilidade de acesso a riquezas naturais.

Mas, com o apoio do Ocidente, a maioria dos regimes de países muçulmanos manipulou a fibra nacionalista para enraizar de vez seu poder. Surgiram regimes déspotas, clientelistas e pouco transparentes. Carecendo de recursos militares e ávidos por integrar o tabuleiro geopolítico dos anos 1950 e 1960, uns se aliaram ao bloco capitalista (Arábia Saudita, Jordânia, Marrocos...), outros teceram laços com o regime de Moscou (Líbia, Argélia, Iraque...). Independente de suas alianças, a maioria dos governos muçulmanos, religiosos ou seculares, rejeitou a democracia, instaurou arsenais legais repressores e fundou bases econômicas e comerciais sobre princípios de privilégio.

Este impulso sufocante travou o desenvolvimento em muitos países (até os mais ricos em petróleo) e o amadurecimento das sociedades civis. Foi início da grande crise de identidade da qual o mundo muçulmano ainda não saiu. A imposição pela comunidade internacional da demarcação do Estado de Israel dentro das fronteiras da Palestina, em 1948, foi um marco nas relações entre o Ocidente e o mundo muçulmano. Demant minimiza as conseqüências objetivas deste ato e atribui a ele importância apenas "simbólica", dizendo que o ódio ao Estado judeu é fruto da inveja pela prosperidade israelense. A realidade é mais complexa.

Ocupados, sitiados, abandonados pela coroa britânica, os palestinos não tiveram escolha a não ser apelar para a luta armada - que ganhou ares de Jihad com a transformação de Jerusalém (Al-Qods em árabe, cidade sagrada do Islã) em capital da nova potência ocupante. Além disso, o vigor com o qual a maioria dos muçulmanos rejeitou desde o princípio a criação de Israel é comparável ao espírito segregacionista do sionismo, cujo ideal sempre foi reservar a "terra prometida" ao "povo,eleito".


Com a mesma perseverança que os judeus usaram para superar os horrores do holocausto e conseguir um estado próprio após repetidas fases de repressão ao longo da história, os muçulmanos hão de usar o instinto de sobrevivência coletiva para travar uma luta sem fim contra a ocupação militar israelense. A aniquilação da Palestina e os sucessivos fracassos militares dos árabes - muçulmanos e cristãospara recuperá-la não bastam para entender a catarse do Islã no século XX.

A estagnação socioeconômica foi um dos grandes paradigmas do discurso religioso radical, que surgiu em todo o mundo muçulmano, considerando a modernidade uma perversão e explicando pela teologia o marasmo ambiente nos países islâmicos ao longo do século XX. Obtida a libertação nacionalista, clérigos islâmicos passaram a lutar por outra libertação, a religiosa. A exemplo do que Peter Demant afirma, o argumento era: "Perdemos não porque somos religiosos demais e não modernos o bastante; mas porque tentamos imitar o Ocidente e esquecemos a religião. Deus nos abandona porque nós abandonamos a Ele". Em outras palavras, a volta a uma espiritualidade mais puritana traria de volta, segundo os dignitários religiosos, a grandeza dos tempos passados. E assim foi crescendo a receptividade à retórica extremista no mundo muçulmano, alimentada por frustrações e confusos sentimentos de culpa espiritual.

Surgiram, em diferentes períodos e diferentes lugares, o que hoje convém chamar de radicalismo islâmico ou, segundo a corretíssima explicação do autor, islamismo. Islã e islamismo tem significados diferentes, embora no Brasil esta distinção semântica seja desconhecida. O Islã é a religião, o islamismo é a manifestação social e política das escrituras mais conservadoras desta religião.

Muçulmanos são praticantes do Islã e o termo islamista se refere àqueles que pregam o islamismo. Obviamente, todos os islamistas são muçulmanos mas nem todos os muçulmanos são islamistas. É justamente o islamismo que concentra a atenção de Demant. Segundo ele, "o islamismo é um produto anti-moderno da modernidade".

O autor afirma que os islamistas ainda são minoritários entre os 1,3 bilhão de muçulmanos mas que eles representam a porção mais "barulhenta" desta população. Vale lembrar também que existem diferentes níveis na escala do radicalismo islâmico. Um muçulmano com discurso antiocidental pode ser totalmente contrário aos atentados da Al-Qaeda.

O conceito de jihad, ao contrário do que muitos pensam, não se refere a uma guerra santa supostamente ordenada por Deus. O jihad é o esforço que cada um fazer deve fazer para ser bom muçulmano: respeitar as escrituras, zelar pelos irmãos e irmãs de fé, divulgar a palavra divina, contribuir para a expansão do Islã. Já o termo xiita nunca foi sinônimo de extremista. Ele se refere a uma corrente minoritária no Islã, surgida em oposição aos sunitas após divergências sobre a sucessão do profeta Maomé à frente da civilização islâmica. Osama bin Laden e os grupos extremistas argelinos, entre outros exemplos, são sunitas. O terrorismo islâmico que hoje ocupa espaço de destaque na mídia internacional é um derivado do wahabismo sunita, doutrina ultraconservadora fundada na Arábia saudita no século 18.

Aliás, O mundo muçulmano traz explicações muito concisas sobre as origens e especificidades das diferentes correntes do Islã. Pena que o sufismo, orientação progressista voltada para a filosofia e a reflexão sobre o Corão, seja abordado de forma tão sucinta no livro.

O que interessa Demant é o radicalismo. Ele escreve: "O islamismo conquistou uma certa influência em países como o Egito ou a Síria nos anos 70, mas só ganhou notoriedade internacional pela revolução xiita no Irã e pelos primeiros seqüestros e homens-bomba no Líbano. Desde os anos 80, desmentindo as previsões, expande-se continuamente, e se torna cada vez mais extremista.

Na década de 1990, assistimos a uma explosão de incidentes violentos provocados por grupos islamistas, desde a Nigéria até a Indonésia". Os atentados de 11 de setembro de 2001 inauguraram uma nova era na história do islamismo. Neste dia, o terrorismo jihadista tornou-se inimigo número um do Ocidente, apesar da condenação imediata e veemente dos mais ilustres dignitários do Islã.

Não satisfeitos em derramar sangue "infiel", ativistas ultra-radicais atacaram desde então irmãos de fé em j'v1arrosos, Indonésia,Arábia Saudita, Turquia e Iraque. Golpeada pela guerra ao terror, a rede Al-Qaeda (em árabe, a base) é hoje uma entidade virtual sem liderança, QG ou meta claramente definida. Grupos autônomos unidos pela doutrina e pelo know-how bélico dos campos de treinamento afegãos semeiam o pânico ao redor do mundo, trazendo à tona com seu combate desprovido de reivindicações políticas e econômicas, o espectro do choque das civilizações.

"Os islamistas desejam substituir este sistema, reconhecidamente de cunho ocidental por um sistema mais monista e unipolar: a umma (comunidade) islâmica não-territorial, suprema sobre todas as outras comunidades e que lutaria contra as demais até a imposição do Islã no mundo inteiro", destaca Demant.

Demant alerta para a necessidade do diálogo entre civilizações mas descarta qualquer negociação com os islamistas. É injusta a observação, na medida em que existem diferentes formas de manifestação política do Islã. É claro que era impossível discutir com o atroz regime afegão talibã. Mas a Turquia de hoje, mesmo governada por partido islamista, continua país laico, democrático e cada vez mais integrado à modernidade ocidental.


(...) Segundo o autor, os reformistas progressistas muçulmanos precisam apontar os caminhos para legitimar a fé islâmica como componente integral de um mundo dominado pela supremacia técnica, econômica e militar do Ocidente. Ou seja, o Islã não tem outra alternativa a não ser apresentar sua face mais humanista e tolerante. Para isso, terá de recorrer a uma arma tradicionalmente pouco usada nos meios religiosos - principalmente muçulmanos: o marketing. Mas é claro que a pobreza endêmica do mundo muçulmano continuará sendo terra fértil para o contágio da doutrina islamista ultra-radical. O Ocidente precisa fazer a sua parte, estendendo a mão ao embrião de sociedade civil que existe em nações árabes, ajudando o desenvolvimento econômico, resolvendo questões potencialmente agravantes como o Oriente Médio.

Peter Demant soube abordar com sutileza e profundidade a questão do fundamentalismo islâmico - verdadeiro tema do livro. O mais importante: criticou o desenvolvimento da corrente mais reacionária do islamismo sem questionar os fundamentos espirituais e a filosofia do Islã - esporte predileto de ocidentais racistas como a italiana Oriana Falacci. Demant até surpreende ao abordar aspectos pouco conhecidos da fé islâmica, como a defesa incondicional dos animais e da natureza e a apreciação positiva do sexo, ato de “harmonia cósmica”.

Embora conceda pouco espaço ao Islã no Brasil, O mundo muçulmano surge no país certo e na hora certa. Estudiosos no assunto não aprenderão muita coisa nova. Mas para o brasileiro médio, que sequer distingue árabes e muçulmanos, a leitura é obrigatória.
Sobre o autor:





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Descubra a Origem do seu Sobrenome
O Dicionário Sefaradi de Sobrenomes é fruto da persistência, do talento e da erudição de Guilherme Faiguenboim, Paulo Valadares e Anna Rosa Campagnano. Nele muitos brasileiros poderão promover um reencontro com o seu próprio passado, religando o que a intolerância religiosa, os efeitos da Inquisição e o isolamento obliterou. Um livro ideal para judeus e não-judeus conhecerem a origem de seus sobrenomes.


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ORIGEM ÁRABE





Joseph-Maria Piel comenta na sua obra "Estrutura do Léxico Portugues" que "os séculos de presença moura na Peninsula Ibérica influenciaram a cultura espanhola e portuguesa em aspectos como a arte, os costumes, as práticas agrícolas, a culinária e o idioma (...)
Um traço distintivo de muitas palavras de origem árabe é a presença do artigo semita AL, aglutinado ao substantivo. Assim, AL FARIS, "o cavaleiro" , transformou-se em ALFERES, um posto da hierarqui militar.
A maioria dos substantivos árabes corresponde as seguintes categorias: cargos e organização administrativa (alcaide, aldeia, arrabalde, alferes, almoxarife,alfândega, alvará); termos militares ( arraial, alcácer, atalaia, alfanje,, refém ); plantas cultivadas e silvestres ( arroz, algodão, azeitona, alcachofra, cenoura, laranja, açúcar , alfarroba, alecrim, açucena, alfazema); profissões (alfaiate, almocreve); unidades de medida  ( alqueire, arroba); animais  ( atum, alcatraz, javali ); particularidades topográficas (albufeira, recife); artigo de luxos de luxo e instrumentos musicais ( almofada, alcatifa, marfim,  alfinete, rabeca, alaúde); produtos agrícolas e industriais  (azeite, álcool, alcatrão ); criação de gado ( rês, zagal); arquitetura (adobe,  chafariz, alvenaria, alicerce ); ciências  ( algarismo, álgebra, cifra, auge, zênite, nadir, alquimia, química, etc ).
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Expansão islâmica

A Expansão Islâmica (séculos VII-XII): da Jihad à “Guerra Santa”
Atualmente, a maioria dos estudos históricos sobre a expansão islâmica e suas principais razões para a conquista de novos territórios e a conversão de fiéis, já abandonou antigas interpretações que, dominantes até meados do século XX, viam nesse processo a preponderância de guerras extremamente violentas, cujas principais motivações seriam religiosas. Hoje, sabemos que a rápida expansão e as conversões islâmicas fora da península arábica aconteceram, entre os séculos VII e XII, sobretudo pela celebração de acordos políticos e econômicos com os líderes das regiões conquistadas, que traziam vantagens político-econômicas e benefícios sociais concretos aos conversos. Isso não significa dizer que o Islã expansionista não tenha travado importantes batalhas de conquista que deixaram mortos e feridos. Porém, essas não foram guerras prolongadas, em que os exércitos muçulmanos tenham massacrado e expulsado populações civis das terras conquistadas, conforme era amplamente difundido por algumas teses orientalistas e eurocêntricas dos séculos XIX e XX, que moldaram o imaginário ocidental sobre o guerreiro árabe-muçulmano fanático com o Alcorão (o livro sagrado do Islã) na mão direita e, na esquerda, a cimitarra de fio longo, largo e curvilíneo. Essa visão está eivada de tamanho preconceito e desconhecimento sobre o tema que, inclusive após as batalhas, o Islã vencedor propunha um acordo de capitulação às tropas derrotadas, segundo o qual os prisioneiros de guerra convertidos recuperariam sua liberdade e se tornariam cidadãos do império árabe-islâmico.
Sobre as causas da expansão muçulmana também se especulou (e se errou) muito. Era lugar-comum atribuir-lhe motivações quase exclusivamente religiosas, que atestariam o caráter fervoroso e intolerante do Islã. Isso tanto não é verdade que, com as conquistas, o Islã permitiria a permanência de comunidades de judeus, cristãos, zoroastros e, depois, de alguns hindus e budistas. Considerados “povos do livro” (a Bíblia), pois adeptos do monoteísmo em alguma medida, eles tornaram-se os dhimmis (protegidos), cidadãos do Estado islâmico com prerrogativas particulares, como a permissão de manterem seus cultos e direito privado mediante o pagamento de tributos especiais. Assim, hoje é primordial entender a expansão através de seus fatores políticos, econômicos e sociais. Ao surgir, o Islã superou o viés meramente religioso-ideológico, e se constituiu mais como um novo pacto social proposto aos povos beduínos e sedentários da Arábia do que somente como uma nova religião de rituais e preceitos especiais. Como valor filosófico e metafísico, o Islã foi o instrumento para a concepção de um novo paradigma, pacificador e unificador, de etnias até então inimigas, mas cujos objetivos principais e últimos eram a construção de um corpo sócio-jurídico e um projeto político-econômico transformadores e mais abrangentes do que o elemento religioso. Assim, criou-se o conceito do jihad como o principal caminho até esse novo estado de coisas, tanto através da convicção individual de cada novo converso ao Islã como uma forma de justificar e incentivar a expansão e as conquistas islâmicas (ver quadro).
Como parte de um projeto político maior, o êxito das campanhas islâmicas nos séculos VII-VIII também está dado pela fraqueza dos adversários quando, logo após a morte do profeta Muhammad em 632, o Islã sairia da Arábia. Antes do surgimento do Islã em 610 e da unificação da península arábica até 634, os árabes conheciam o estado de penúria tanto das populações das províncias como das tropas militares dos impérios bizantino e persa sassânida após quase um século de guerras. Os súditos bizantinos e persas das províncias semitas e arabizadas do Crescente Fértil estavam profundamente insatisfeitos com a destruição de suas regiões, com as pesadas contribuições fiscais que pagavam para sustentar os conflitos e também com os cortes orçamentários de suas províncias. Já os ghassânidas e os lakhímidas, estados-vassalos árabes que defendiam, respectivamente, as fronteiras bizantinas e persas contra a Arábia, estavam sem receber o pagamento de seus soldos, o que prejudicou a manutenção da aliança. Assim, ao concluírem a unificação muçulmana da península, os árabes estabeleceram com ghassânidas e lakhímidas acordos de entrada na região, que, inicialmente, não receberam muita atenção de bizantinos e persas, pois pensavam ser mais uma incursão árabe de rotina. Ao perceberem que a ameaça era real e definitiva, os impérios enviaram mais tropas, mas já era tarde demais. O chamado “poder do deserto” das tropas árabe-muçulmanas, que as tornara exímias combatentes nesse terreno, aliado ao conhecimento de ghassânidas e lakhímidas sobre as melhores rotas e esconderijos seriam decisivos nessa primeira fase da expansão islâmica fora da Arábia (633-648), que resultou na conquista dos territórios persas e bizantinos do Crescente Fértil e das montanhas do Cáucaso.
A concepção econômica explica-se tanto pela promessa islâmica de amealhar botins muito lucrativos das regiões porventura submetidas como pela oportunidade que os muçulmanos da península agora tinham de conquistar novos territórios para satisfazer suas necessidades materiais por recursos naturais e produtos comerciais fora de uma região freqüentemente sujeita a períodos de escassez e crises. Assim, se fora edificado um novo sistema político-jurídico que proibira os velhos ataques de pilhagem do período pré-islâmico entre as etnias árabes – que, em nome de um valor maior, o Islã, agora constituíam um fato nacional coeso, o da comunidade ou nação islâmica (“ummah”) –, era evidente que, pelo menos em curto prazo, a nova ordem social islâmica não conseguiria cumprir a promessa de proporcionar um tratamento sócio-econômico plenamente igualitário (ou, no mínimo, redistributivo da riqueza), especialmente quando as instituições muçulmanas recém estavam sendo fundadas e consolidadas. Assim, a expansão para além do território árabe original fez-se imperiosa e colocaria, antes do fim do século VII, o controle das principais rotas comercias de longa distância de Oriente a Ocidente sob um único poder centralizado, o dos califados islâmicos.
Como vimos, após a morte de Muhammad em 632, a chamada primeira fase da expansão islâmica levara à derrota final de bizantinos e persas e, pois, à conquista islâmica da Pérsia, Iraque, Síria-Palestina, Egito e Armênia. Algumas batalhas memoráveis, como as de Qadissía e Yarmuk, foram decisivas para a instalação do Islã, respectivamente, na Pérsia e na Síria-Palestina. Essa etapa fora realizada pelos governos dos chamados “califas perfeitos” (632-660), quando ainda não ocorrera a guerra civil islâmica (656-661) que causaria a primeira cisão (fitnah) do Islã entre sunitas e xiitas. A ortodoxia sunita saiu vencedora desse embate, e a capital islâmica foi transferida de Medina para Damasco, que se tornou a sede do califado omíada, denominação da nova dinastia fundada por Muáuyia I (661-680).
Interrompida de 650 a 660, a expansão islâmica entraria na segunda etapa em 680, quando os omíadas retomariam o avanço rumo ao norte da África e ao Ocidente muçulmano, o Maghrib (atuais Argélia e Marrocos), para daí cruzarem o estreito de Gibraltar (do árabe “Jábal al-Táriq”, ou “montanha de Táriq”, em homenagem ao general bérbere que o conquistou) em direção à península ibérica, que seria arrebatada ao reino visigodo entre 711 e 716 e se tornaria a província omíada de Al-Andalus com capital em Córdoba. Rumo ao Oriente (o Mashriq islâmico), as conquistas omíadas na Ásia Central ocorreram de 694 a 714 nas regiões do Khurassan, Khuarizm e Transoxiana (atuais Afeganistão, Turcomenistão e Uzbequistão). Assim, essas duas primeiras fases da expansão islâmica (633-648 e 680-714) são a base da constituição dos chamados “territórios islâmicos clássicos”, cujas fronteiras não se alterariam muito até inícios do século XII. Os séculos VII e VIII também foram o período da consolidação do elemento étnico-cultural árabe, isto é, embora o Islã estivesse dirigido a todos os povos conquistados sem distinção de etnia ou classe social, a origem árabe manteve uma hegemonia sobre as nações dos fiéis recém conversos e em vias de islamização, especialmente os bérberes, persas e khurassanitas. Estes constituíam um grupo sócio-econômico marginalizado, pois eram penalizados pela tributação excessiva de alguns impostos, além de serem preteridos nas posições de mando do comércio e da agricultura e nos altos cargos públicos. Esse foi o principal motivo para a revolução abássida, cuja vitoriosa coalizão entre um familiar distante do profeta Muhammad, Al-Abbas, os conversos (mawali) discriminados e os xiitas minoritários e perseguidos, deporia, em 750, o califado omíada de Damasco em nome do Islã e contra a supremacia árabe.
Abd al-Rahman I, sobrevivente dos omíadas destituídos foge de Damasco para Al-Andalus, onde, em 756, aliado à oposição local, derruba o governo provincial representante dos abássidas e funda o emirado (principado) de Córdoba, também como uma forma de trazer ordem à província que recém saía de um período de revoltas bérberes contra os privilégios econômicos e sociais da elite árabe e de conflitos entre partidos inimigos pelo poder. Devido a sua recente formação, não era seguro o emirado declarar a emancipação total dos abássidas e arriscar-se a sofrer uma intervenção num momento de fraqueza político-militar. Assim, embora o emirado se dissesse formalmente parte do califado, ele obteria uma ampla autonomia e seria administrado como se outro reino fosse. A fundação de Al-Andalus levou os muçulmanos a ocuparem, no século VIII, mais de dois terços (75%) da península ibérica e a cruzarem os Pirineus rumo à França dos carolíngios, de onde retrocederam após perderem a batalha de Poitiers (732). Entretanto, no início do século IX, o Islã começara a enfrentar os avanços dos reinos cristãos de Astúrias e Navarra no noroeste da península e dos francos em Barcelona, regiões de refúgio da aristocracia visigoda. Assim, constituiu-se a “Marca Hispânica”, uma região de fronteira entre o Islã andaluz e os reinos católicos, que ocupava um largo território quase vazio de população, onde tropas estacionadas resguardavam ambas frentes de batalha. O governo de Abd al-Rahman II (822-852) organizou o Estado conforme o modelo abássida de autoridade total do soberano, administração centralizada, burocrática e hierarquizada, sob a direção do hájib, chefe de governo equivalente ao vizir abássida. Assim, houve paz interna, apesar das escaramuças com os reinos cristãos, a economia era próspera e a corte vivia na opulência e cercada de sábios, poetas e filósofos.
Após a revolução abássida de 750, as reivindicações dos “mawali” por um tratamento social mais justo e igualitário, ou seja, verdadeiramente islâmico, seriam parcial e temporariamente atendidas. O centralismo político e a unificação econômica do califado, cuja capital agora era Bagdá, perduraria, dependendo da região, até 900 ou 950. A dinastia abássida manteria a maioria das conquistas islâmicas dos omíadas, exceto pelas perdas territoriais que sofreria para os bizantinos na Anatólia, no Cáucaso armênio e no Mediterrâneo (ilhas de Chipre e Creta), mas avançaria na planície do rio Indo (atuais Afeganistão e Paquistão), no extremo sul da Itália (Calábria e Puglia) e nas ilhas mediterrâneas da Sardenha, Sicília e Malta. O período de unidade e apogeu abássida (750-900/50) caracterizou-se também pela “orientalização” do Islã, quando as elites persas, khurassanitas e centro-asiáticas desempenhariam um papel fundamental nos governos das províncias islâmicas orientais, onde controlariam a produção agrícola e organizariam as caravanas comerciais de longa distância, ligando a China ao Maghrib e à Europa. Porém, quando eclodiam crises econômicas e políticas no centro do califado, como a revolta dos “zanj” (escravos na agricultura do baixo Iraque), as comunidades rurais das províncias abássidas orientais tinham de contribuir com a maior parte da extração do excedente econômico através de uma pesada tributação de sua produção, enquanto as atividades comerciais e urbanas e a aristocracia de Bagdá e Damasco desfrutavam de vantagens políticas e econômicas. Assim, por volta do ano 900, a fim de atender algumas reivindicações e debelar revoltas contra os representantes do poder califal nas províncias orientais, os abássidas lhes concederiam maior autonomia. No entanto, diante de revoltas cada vez mais violentas e numerosas, os abássidas assistiriam a um processo de separatismo provincial iniciado no Oriente, que se alastraria por todo seu território.
Até meados do século X, a irreversível fragmentação abássida resultaria na formação de dois importantes califados. No Maghrib, diante das ameaças dos reinos cristãos do norte e, sobretudo, das ambições fatímidas ao sul, Abd al-Rahman III (912-961) declararia a fundação do califado omíada de Córdoba em 929. No Mashriq, sob a área direta de influência de Bagdá, surgiria, a partir de uma doutrina minoritária originária da Ifríqiya (atual Tunísia), o califado fatímida do Cairo que, fundado em 969, seria a primeira formação social islâmica xiita. Com o califado omíada de Córdoba, a sobrevivência do sunismo estava assegurada e, agora sim, a completa independência de Al-Andalus do califado abássida fora formalizada. O apogeu de Al-Andalus ocorreu no reinado do fundador do califado, que reforçou sua autoridade e prestígio ao recuperar parte dos territórios tomados pelos cristãos e ao fazer de Córdoba o maior centro intelectual e artístico do Ocidente. Durante o período do califado omíada de Córdoba (929-1031), a expansão islâmica avançou, e partes do território da Marca Hispânica foram reconquistadas. Consciente do perigo representado pelos fatímidas xiitas, Abd al-Rahman III enviou reforços à África para formar aí uma área defensiva dos povos bérberes, uma vez que agora o Maghrib africano também formava parte do califado de Al-Andalus. Entre 975 e 1031, ano da extinção do califado de Córdoba, ainda é importante referir a conquista islâmica de Santiago de Compostela em 997.
Fatímidas e omíadas andaluzes buscaram, no século X, obter o domínio absoluto sobre o Maghrib e o norte da África. Mas, com a fundação do califado fatímida do Cairo em 969, as fronteiras ficaram estabelecidas na região da Ifríquia. O Egito experimentou um grande impulso político, comercial e intelectual sob os fatímidas, que se expandiriam até a Síria-Palestina. Aí, lutariam contra os cruzados de 1095 a 1171, quando, enfraquecidos, seriam depostos pelos curdos sunitas de Salah al-Din Al-Ayub (Saladino), os aiúbidas. 

Jihad x Guerra Santa: um antigo mal-entendido

Apesar de não conter no seu núcleo semântico a noção de “guerra”, a palavra árabe jihad é quase sempre traduzida e alardeada como “guerra santa” pelo discurso dominante – e ignorante – a respeito dos conceitos e da história do Islã, o que empobrece o debate sobre a compreensão de seu primordial significado, sobretudo no período do Islã clássico (séculos VII-XIII). Na verdade, jihad expressa a idéia geral de “esforço” em conhecer e entender os princípios do Islã, a fim de aceitá-los e praticá-los de forma individual e coletiva. Individualmente, esse “jihad-esforço” atuaria tanto sobre o foro íntimo do converso, através de uma reflexão moral e espiritual para uma compreensão e aceitação conscientes do Islã, como em termos físicos e estéticos. Assim, esse momento de introspecção pessoal ocorreria por meio do estudo dos preceitos e práticas sociais islâmicos sobre determinado tema e, também, através da oração e culto a Allah. Física e esteticamente, o converso ao Islã deveria preparar seu corpo e mente, além de, na sua vida prática cotidiana, agir para alcançar seus objetivos pessoais e realizar-se como indivíduo em harmonia com os valores muçulmanos e da comunidade (islâmica ou não) em que vivesse.
Já o “jihad-esforço” coletivo de propagação do Islã e de realização social de seus preceitos seria de duas formas: o discurso (falado ou escrito) e a ação social. Aqui, como no “jihad-esforço” individual, o conhecimento e a educação prévios são prioridades na difusão do ideal islâmico. Nesse sentido, o “jihad-esforço” coletivo poderia expandir o Islã entre populações não-muçulmanas, a fim de convertê-las através de um discurso proselitista de ensinamento ou doutrinação, ou pela celebração de acordos político-econômicos e pactos sociais, em que o fato de abraçar o Islã trouxesse benefícios, especialmente materiais, aos conversos, cuja conversão ocorreria mais por interesse do que por convicção. Já nas sociedades islâmicas, o discurso e as ações sociais poderiam agir na assistência material, espiritual e/ou terapêutica de pobres e necessitados em geral, como órfãos, idosos e deficientes físicos e mentais. Mas, também seria possível praticar o “jihad-esforço” coletivo através de um discurso e de ações sociais concretas que legitimassem certa ordem político-social muçulmana, ou, por outro lado, que a contestassem e propusessem sua reforma ou destruição por considerá-la opressiva ou ilegítima em relação ao que deva ser o verdadeiro Islã para os grupos oposicionistas.
A “guerra santa”, esta sim de caráter violento e armado, seria de defesa ou de ataque. Esta espécie de jihad, que não se confunde com a anterior, dizia respeito à luta armada contra os inimigos do Islã ou uma sociedade muçulmana rival, ou até contra a própria ordem islâmica instituída. A guerra santa de ataque ou defesa era o único combate permitido pela lei islâmica, que a mantinha sob estrito controle. Ela deveria ser precedida de um chamamento de adesão ao Islã ou de um tratado de paz, a fim de tentar evitar o conflito, que, mesmo deflagrado, era conclamado publicamente e declarado pela autoridade competente, mas sem atacar nem envolver pessoas que não fossem combatentes. A comunidade islâmica atacada ou invadida buscaria formas de se defender, geralmente através de um contra-ataque. Por outro lado, a guerra santa de ataque seria declarada como última e extrema opção diante do fracasso de uma política de entendimento ou aceitação do Islã por meio do “jihad-esforço”. Assim, a guerra santa de ataque teve, sobretudo no período que é objeto deste estudo (o Islã “clássico”), essa natureza secundária e residual, segundo a qual, quando o Islã não se fazia compreender e aceitar através do “jihad-esforço”, esta modalidade seria a alternativa para a expansão, conquista e conversão islâmicas.
A partir do século XII, as Cruzadas (a “guerra santa” católica) dominariam um cenário sangrento, do qual talvez cristãos e muçulmanos jamais tenham podido se recuperar. O “jihad-esforço” já não jogaria o papel principal na expansão e nas futuras conquistas do Islã. De fato, tanto nessa época como hoje, parece que o “jihad-esforço” perdeu a batalha para a enganosa “guerra santa”, cuja única real santidade descansa na memória dos que abateu e dos que ainda abate. 

Adaptação de artigo publicado na revista "História Viva"- edição especial "Grandes Religiões n. 4: Islamismo", maio de 2007.






AVOENGOS      ALEXANDRE LEITE DE OLIVEIRA E JOÃO MARROCOS TELES



OPINION BY WASHINGTON LUIZ PEIXOTO VIEIRA: ICÓ - CEARÁ ...

terça-feira, 5 de maio de 2009


ICÓ - CEARÁ - PATRIMÔNIO - O SOBRADO DO MARROCOS

Pouca gente sabe, todavia, o sobrado que era conhecido como Sobrado do Marrocos, construção do século XIX, onde existem um dos dois únicos mirantes do Icó e é hoje designado de “Casa Paroquial”, localizado na rua Dr. Inácio Dias, foi doado à Igreja, por volta de 1900 por José Joaquim Teles Marrocos. Personagem importantíssimo no chamado "Milagre em Joazeiro", aliás uma peça chave na propagação daqueles acontecimentos que tiveram início a partir de março de 1889 e que mudaram a história do sul do Ceará.
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Essa doação feita a Nossa Senhora da Expectação, em testamento público, arquivado no Cartório do 2º Ofício de Icó, constam cláusulas de sua perpétua inalienabilidade, sob pena da maldição de caírem as praga dos apocalipse a quem o fizer a venda do dito bem. Cláusula essa que permanece plenamente em vigor até os dias atuais.
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José Joaquim Teles Marrocos, nascido no Crato em 26 de novembro de 1842 e falecido em Juazeiro do Norte em 14 de agosto de 1910, foi uma das personalidades mais célebres no caso do Milagre em Juazeiro, durante uma missa em 6 de março de1889, quando o Padre Cícero deu a comunhão a Maria de Araújo. Nesse episódio estão historicamente arrolados, em conjunto com o Padre Cícero e dois outros icoenses: os Monsenhores Francisco Rodrigues Monteiro Monteiro e Francisco Ferreira Anthero (01.05.1855).

José Marrocos foi seminarista no Seminário da Praínha, em Fortaleza, entidade criada por dom Luiz Antonio dos Santos, em 1864, para a formação rígida do clero do Ceará, porém o seminisrista Marrocos foi expulso do Seminário.
.“ Magia negra, divergência com superiores e recusa à comunhão estão entre os possíveis motivos da expulsão de José Marrocos do Seminário. Após literalmente revirar o lixo do Seminário, a pesquisadora Luitgar de Oliveira tem sólidos motivos para uma outra hipótese. “Achei um livro de registro escrito pelo reitor do Seminário que diz que José Marrocos foi convidado a se afastar por ser filho de um padre com uma negra escrava. O documento estava no sótão da instituição, onde estava todo material velho que o caminhão de lixo não recolheu”.
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Aquele sobrado pertencera a seu pai o Padre João Marrocos Teles, ex-jesuíta, que por sua vez era neto materno de Alexandre Leite de Oliveira, hexa-avô materno de Antonio Augusto Leite de Castro,  burgues nascido no século XX, no Seringal Liberdade, Rio Purus, antigo Território do Acre.

REFERENCIAS E MATÉRIAS PARA CONSULTA:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_de_Ara%C3%BAjo
TEXTO E PESQUISA DE WASHINGTON LUIZ PEIXOTO VIEIRA, COM DIREITOS AUTORAIS NA FORMA DA LEI Nº 9.610/98- SE COPIAR CITE A FONTE
Postado por Opinion - Washington Luiz Peixoto Vieira às 05:00 
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ALEXANDRE LEITE DE OLIVEIRA, patriarca da familia LEITE DE OLIVEIRA no Estado do Ceará

Segundo afirma textualmente Joarivar Macedo no livro "Decadência Clerical de Outrora e o Caso de Lavras da Mangabeira", "O padre ALEXANDRE LEITE DE OLIVEIRA, que residia no Crato(no sec XVIII), encaminhou um filho ao sacerdócio. Trata-se do Padre Antonio Leite de Oliveira, velho senhor do sitio Venda, atual Aurora-Ce, e ancestral (patriarca) de familias aurorenses. O citado padre Alexandre, além de genitor do mencionado levita, foi avô de outro, o padre João Marrocos Teles, antigo professor na cidade do Crato, e que, à semelhança do avô também mandou um filho para o seminário, o qual não chegou a ordenar-se, mas se destacou nas lides do magistério, da imprensa, e na campanha em prol da abolição da escravatura. Trata-se, no caso , de José Joaquim Teles Marrocos".
Por seu turno, Nertan Macedo, no seu livro "Floro Bartolomeu" , pág. 29, esclarece que Padre Alexandre Leite de Oliveira, egresso da Ordem dos Jesuitas, portugues,natural de Lisboa, paróquia de São Raimundo, nasceu em 1745 e faleceu em 1827, conforme se verfica a página 141 do livro "Povoamento do Cariri", de Antonio Gomes de Araújo, edição de 1973. Dele descende em linha direta meu avô AUGUSTO LEITE DE OLIVEIRA, nascido em Lavras da Mangabeira-Ce em 1880 e falecido em Fortaleza-Ce, em 1977.


Após a transcrição retro, cabe esclarecer que no site GENEALOGIA CEARENSE(http://www.genealogiacearense.com/), no link OS PRIMEIROS COLONIZADORES DO CEARÁ(1700-1800),que tem como introdução um trecho do livro "A Colonização Portuguesa no Ceará" - 2007, de Vinícius Barros Leal , membro do Instituto Histórico do Ceará, consta o nome de ALEXANDRE LEITE DE OLIVEIRA, como o primeiro individuo com esse sobrenome a chegar ao Estado do Ceará e a ter descendencia, portanto, o verdadeiro Patriarca da Familia Leite de Oliveira nas terras cearenses,a saber:

OLIVEIRA, Alexandre Leite
N. Freguesia de São Raimundo, Lisboa
C. Cariri
Fix. Cariri
Ent. Gonçalves Diniz


acervo Antonio Augusto Leite de Castro(aalecastro)

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DNA DE AURORA-CE FOI O Pe. ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA


A FUNDAÇÃO DA CIDADE DE AURORA, SEGUNDO O HISTORIADOR JOARIVAR MACEDO



As origens da cidade cearense de AURORA, diz o Historiador Joarivar Macedo em estudo publicado na Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza, 97:93-111, 1983, com o titulo 
NOTÍCIA HISTÓRICA DE AURORA, situada à margem esquerda do rio Salgado, revestem certo véu de nebulosidade. Nenhum historiador, ao que eu saiba, procedeu até hoje, a um estudo de profundidade neste sentido. Tantos quantos trataram do assunto estribaram-se na tradição e na lenda.
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Após examinar as várias versões de per si, prossegue o Historiador Joarivar Macedo na obra já citada, "... em face de documentos primários das Freguesias e Vilas do Icó e Crato, haveremos de reconhecer bem mais remotas as verdadeiras origens de AURORA, cujos fundamentos históricos se assentam, de fato, na VENDA, no SITIO VENDA ou na VENDA DO RIO SALGADO, propriedade rural já existente na segunda metade do século XVIII,e tendo como legitimos possuidores o Cel. Antonio Lopes de Andrade e sua consorte Arcângela Maria.

No último quartel daquela centúria, afirma o Historiador Joarivar Macedo, de conformidade também com documentos primários das referidas Freguesias e Vilas do Icó e Crato, já era proprietário da VENDA o Pe. ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA. Como logo se verá, êle a houvera por compra, diretamente, ao mencionado casal Cel. Antonio Lopes de Almeida e Arcângela Maria. Ele, aliás, o Coronel, primeiro Comandante do Corpo de Cavalaria da Vila Real do Crato.

Ainda afirma o Historiador Joarivar Macedo, "Precisamente no seu sitio, o Pe. ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA manteve uma casa-de-oração ou Oratório, onde celebrava cerimonias religiosas. Pertencendo à jurisdição de Lavras da Mangabeira, que se erigiu em Freguesia autonoma em 1813, desmembrada do Icó, a VENDA, com seu Oratório e seu proprietário aparecem, de quanto em vez, em Livros de Assentamentos de Paróquia de São Vicente Férrer. Exemplifico, diz Joarivar Macedo:


"Ao primeiro de dezembro de mil oitocentos e dezessete, o Reverendo ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA, em seu Oratário na VENDA, de minha licençaa, batizou e pôs os Santos Óleos a José, nascido a quinze de novembro do mesmo ano, filho legitimo de Manuel Monteiro da Silva e Ana Joaquina, naturais e moradores na Várzea dos Martins e foram Padrinhos José Duarte da Silva e sua mulher Mariana Teresa; e para constar mandei fazer este assento em que assino. O Coadjutor Cosme Francisco Xavier Sobreira(Livro de Batiz. - Paróquia de Lavras da Mangabeira - 1814-1821, fls. 7,v. e 8)"


"Aos dezoito dias do mês de abril de mil oitocentos e dezoito, o Reverendo ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA, em seu Oratório na VENDA, de minha licença batizou e pos os Santos Óleos a Maria, nascida a trinta de março do mesmo ano, filha legitima de Manuel de Sousa e Ana Barros, moradores na Venda, foram Padrinhos Gonçalo de Barros e Rita Maria, de que mandei fazer este assento em que assino. O Coadjutor Cosme Francisco Xavier Sobreira"(Livro citado, fls 86, v.).


Como estes, diz Joarivar Macedo no seu trabalho "Notícias Históricas de Aurora", há vários outros batizados feitos pelo Pe. ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA, em "em seu Oratório na Venda". Examinando documentos desta natureza, persuadi-me, logo do seguinte: o que se escrevera sobre a formação de AURORA, encerrava algo de lendário,de mistura com o real. Comecei, então, aa estar que a predita cidade sertaneja SE NUCLEARA com o ORATÓRIO DA VENDA, do Pe. ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA.

Transmitindo minha opinião aao abalizado historiador Pe. Antonio Gomes de Araújo,prossegue Joarivar Macedo, respondeu-me, de imediato: "NÃO SÓ FOI O NÚCLEO ORIGINÁRIO, MAS GERMINAL.O PADRE TINHA FILHOS. VOU LHE MOSTRAR O DOCUMENTO". Dias depois, conclui Joarivar, "aparecia-me ele com um Livro de Notas(que lhe confiara a Tabelioa Maria Albertina Feitosa Calíope),sugerindo copiasse eu o referido documento de suma importância para História dessa comuna cearense. Copiei e para aqui o transcrevo:


PAPEL DE DOAÇÃO QUE FAZ O PADRE ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA DO SITIO VENDA AOS SEUS AFILHADOS CUJO PAPEL VAI NESTA NOTA:


SAIBAM quantos este público instrumento virem com o teor de um papel de doação que sendo o Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e doze,aos quatorze dias do mês de dezembro do dito ano, nesta Real Vila do Crato Comarca do Siará Grande em meu Cartório, por parte do doador me foi requerido lançasse este papel de doação em Notas para obviar qualquer inconveniente que poderão padecer pelo tempo futuro e por reconhecer verdadeiro e estar a mim distribuido pelo Distribuidor deste Juizo Joaquim José de Melo, o tomei e aqui o lancei e o que se segue. Digo eu o padre ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA, Clérigo Secular do hábito de São Pedro, que entre os meus bens que possuo com posse massa mansa e pacifica há bem assim um sitio de terras nominado VENDA que há ter pouco mais ou menos meia légua, que comprei e tenho por preço de cem mil réis cujos vendedores foram Antonio Lopes de Andrade e sua mulher Arcâangela Naria a quem logo paguei a dita quantia e presenciaram esta venda e compra Domingos Dias Cardoso e José Joaquim, comprado com dinheiro adquirido pelas Ordens de Missas e estado clerical sem que entrasse na compra dele coisa alguma do casal de meus pais nem irmãos, cujo sitio extrema pela parte sul no riachinho da Venda e descendo pelo rio Salgado abaixo até o curral queimado com terras de Miguel Alvares, da parte norte e do nascente com o mesmo rio Salgado e do poente com terras do Canabrava, o qual sitio assim extremado e como constará ele sua escritura a mim passada e por ser verdadeira e legitimamente meu e não haver sobre êle embargo,nem dívida e nem outra alguma coisa que de embargo servir possa, faço doação deste mesmo sitio aos meus afilhados Antonio Lima Mendonça, Venceslau Patricio, Ana Rakel(ou Rabel), Antonia, Maria Luiza, filhos de Dona Josefa Leonor da Encarnação, para terem cada um igual posse e dominio como seu que é e fica sendo de hoje para todo sempre,pois que esta doação faço da minha livre vontade sem dolo,coloio ou coação alguma, que é minha vontade que ditos meus afilhados, fiquem de hoje em diante possuindo dita terra como sua que é a fica sendo para o que demito de mim todo dominio e posse que nela tenha e transfiro nas pessoas dos doados e só quero dos senhores que esta doaação valha como se fosse Escritura Pública Testamento (ilegivel) ou última vontade e se faltar alguma ou algumas clausulas aqui as hei por expressas e declaradas para inteira validade desta doação, que sendo necessária a tomo na terça dos meus bens, pois quero que os doados tenham este título justo e válidos com que possam provar em todo o tempo o dominio deste sitio doado e ter por ele a posse que desejo os hei por ele investidos e gozando dela. Rogo as Justiças de Sua Alteza Real aprovem esta doação e façam ter todo o vigor, que esta é minha intenção. Escritura por mim feita no Sitio da Venda aos doze de novembro de mil oitocentos e onze e de minha letra assinada, presentes partes testemunhas Manuel Antonio de Freitas, Miguel Alvares e Felisberto Pereira de Sousa, o padre ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA. Como testemunha Manuel Antonio de Freitas. Como testemunha Manuel Antonio de Freitas. Como testemunha Miguel Álvares dos Anjos. Como testemunha Felisberto Pereira de Sousa. Reconheço e dou fé ser a letra do papel de doação e de assinatura supra do próprio punho do padre ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA por já o ter visto escrever. Real. Va. do Crato, quatorze de dezembro de mil oitocentos e doze,escrevi e assinei de meus sinais seguintes. Em fé e testemunho da verdade. O Tabelião Público MANUEL DO NASCIMENTO CASTRO E SILVA, estavam os meus sinais públicos e (ilegivel) pelo do selo. Castro, Sobreira. E nada mais se continha em dito papel papel de doação que eu sobredito Tabelião que bem e fielmente trasladei do próprio no qual me reporto e fica na verdade sem cousa que dúvida faça que dou fé. Conferido e consertado comigo próprio escrito e assinado nesta dita Real Vila do Crato em dia e Em.nt.retro, esrevi e assinei. Em fé e testamento da Verdade. Com prop. Tblm.po
MANUEL DO NASCIMENTO CASTRO E SILVA"

(Livro 11 de Notas, 1812-1813, fls. 114, v. a 116 - Cartório de MariaAlbertina Feitosa Calíope, Crato -Ceará )

FONTE: MACEDO, Joarivar , "Notícias Histórica de Aurora" , Revista do Instituto doCeará, Fortaleza, 97:93-111, 1983
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PENTA-AVÔ MATERNO ( I) E A CRIAÇÃO DO MUNICIPIO DE AURORA-CE

A povoação que deu origem à cidade e ao municipio de Aurora-Ce , e que primitivamente se chamou Venda, nasceu na antiga FAZENDA LOGRADOURO, propriedade do Padre ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA. Depois de sua morte ela passou para seus herdeiros,conforme esclarece, Joryvar Macedo, no seu livro "São Vicente das Lavras, Fortaleza, Secretaria de Cultura e Desportos, 1984)".

Os primeiros Prefeitos do Municipio de Aurora-Ce , emancipado em 10 de novembro de l883, foram, em ordem cronológica, MANOEL LEITE DE OLIVEIRA (1885-1899) e ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA (1899-1904).

PADRE ANTONIO LEITE DE OLIVEIRA, fundador núcleo histórico e sócio-econômico de Aurora-Ce e Patriarca dos Leites de Oliveira aurorenses
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NOTÍCIA HISTÓRICA DE AURORA
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Alexandre Leite de Oliveira, português de Lisboa, imigrado no Crato, no Sé- .... Público do Estado do Ceará- acervo de Lavras da Mangabeira). ...
www.institutodoceara.org.br/.../1983-NoticiaHistoricadeAurora.pdf - Similares -
AURORA - CE
Conforme registra a wikipédia , Aurora é um município do estado brasileiro localizado na parte meridional do estado do Ceará, a 283 metros acima do nível do mar. Está situado na mesorregião do Sul Cearense na microrregião de Barro.
O censo de 2001 apontou que o município conta com cerca de 25 mil habitantes, com cerca de 63% da população vivendo na zona rural. É a terra natal do artista Aldemir Martins.
 
Etimologia
 
O topônimo Aurora vem do Português Aurora e significa Amanhecer. Sua denominação original era Venda, depois Aurora Velha, Aurora Nova e desde 1883 Aurora.
 
História
As terras às margens do rio Salgado eram habitadas por diversa etnias ínigenas, entre elas os Caryri e os  os Guariú.
No século XVIII, a chegada das entradas no interior brasileiro, as notícias que na região tinha ouro em abundância, desencadeou uma verdadeira corrida para os sertões brasileiros, onde famílias oriundas de Portugal, sonhando com as riquezas de terras inexploradas e com a esperança de encontrar o minério, que as levariam a aumentar o seu patrimônio material, além de aumentar o seu prestigio pessoal com a corte portuguesa.
 
A busca do metal precioso, nas ribanceiras do Rio Salgado, trouxe para a região do Sertão do Cariri, a colonização. Em conseqüência, a doação de sesmarias, o que permitiu o surgimento de lugarejos, vilas, sítios e fazendas. Uma dessas propriedades rurais, a Fazenda Logradouro ou Sítio Venda ou na Venda do Rio Salgado, do Cel. Antonio Lopes de Andrade (primeiro Comandante do Corpo de Cavalaria da Vila Real do Crato) e sua consorte Arcângela Maria, foi adquirida, no último quartel do século XIX, pelo Pe. Antonio Leite de Oliveira.
 
No seu Sitio da Venda, o Pe. Antonio Leite de Oliveira manteve uma casa-de-oração ou Oratório, onde celebrava-se cerimonias religiosas. Em torno do Oratório da Venda ou Capela do Menino Deus da Fazenda Logradouro, se nucleou e se desenvolveu a cidade de Aurora-Ce, que pertenceu à jurisdição de Lavras da Mangabeira, até 1813, quando se erigiu em freguesia autônoma.
 
Com a expansão da pecuária ne Ceará, Aurora fixou-se como um núcleo urbano e entreposto comercial, entre o Cariri e os Inhamuns.
Com chegada da linha da Rede de Viação Cearense, em 1920, Aurora ganha e esta fortalece sua posição como núcleo urbano e entreposto comercial[